O céu que nos protege

O céu que nos protege

Imagens de céus luminosos com suas expressividades, intensidades, suas infinitas variantes de formas e cores, sempre impressionam e raramente nos soam banais ou enfadonhas.

Isso se explica, talvez, pelo fato de que não há como se ter um gozo estético sem associá-lo de alguma forma às nossas próprias emoções e percepções, sem sentir e refletir em alguma medida. E quando se trata disso, a natureza é soberana: é ela que mais estimula os sentidos, alterando e aperfeiçoando nossas percepções, é ela que mais suscita em nós a maravilha e, simultaneamente, a sua interpretação. Em tudo, ela é para nós motivo de fascínio, descoberta, conhecimento, reconhecimento e assombro. Afora ela, só a arte causa na gente um efeito semelhante.

É mesmo complexa a teia dos nossos sentidos.

Por seus encantos, seus dons e sua incomensurabilidade, pela serenidade e relaxamento que ela nos proporciona e também certamente pela associação coletiva e recorrente que existe entre firmamento e (uma ideia de) paraíso, não apenas nos deslumbramos com a abóbada celeste, mas tendemos também a pensar que em seus estados de beleza há transcendência, há virtude espiritual e que, por isso, ela pode simbolizar bons presságios ou alguma proteção.

Nesse novo prelúdio, que é o começo do ano, desejo que o céu que projetamos e contemplamos —  e que também nos contempla —, possa aflorar em nós como um alvorecer — abrindo o dia com esperança e disposição —, ou um entardecer — fechando-o com serenidade e sossego; que suas luzes intensas ou suaves nos inundem com o ânimo da confiança e do sonho; que, inspirados por seu brilho, nos resguardemos do tanto de doença e pesar que podemos prevenir em nós e possamos, mais e melhor, sentir para compreender e mudar o que for preciso e o que for possível.

Que nos venha resplandecente a nova era!

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