A Xilogravura é uma técnica de reprodução artística na qual se cava a madeira com goivas (pequenos formões de lâminas variadas, podendo ser retas ou angulosas, em formato de meia-lua etc.), criando-se uma matriz com a qual, após ser coberta de tinta, se pode fazer impressões sobretudo em papel e tecido e realizar um sem número de cópias.
De provável origem chinesa, datando por volta do Séc. V, a xilogravura desempenhou um papel importante na arte japonesa. No Brasil ela também encontrou terreno fértil, sobretudo na literatura de Cordel, evidenciando um novo estilo de gravação.
Essa técnica ancestral é apaixonante e bastante complexa. Uma das dificuldades é o fato de que, além da imagem sair invertida quando impressa no papel – como acontece com toda a gravura –, a parte que se trabalha cavando na madeira é justamente a que deixará apenas visível a cor do papel após o processo de impressão. Isso acontece porque a tinta só irá aderir na superfície da placa, na área que estiver intacta, ou seja, nos pontos em que a madeira não foi retirada.
Como a arte da estampa se realiza por esse processo que envolve retirada e permanência de partes da matéria orgânica da placa, deixando algumas zonas negativas e outras positivas, isso faz com que ela possa se apresentar plasticamente (em termos de figura e expressão) de múltiplas formas, causando efeitos singulares. Por isso, para melhor se orientar, é necessário muitas vezes que se elabore um pré-projeto, um esquema de base.
Outra coisa fundamental é saber qual a goiva que se deve utilizar para alcançar um determinado tipo de corte, marca, traço, assim como aprender a prepará-la, manejá-la e desenvolver essa habilidade.
Uma gravura pode ter várias cores. Para tanto, deverão ser executadas várias impressões, uma para cada uma delas. Nesse caso, além do cuidado com a posição do registro no papel, para que nessas sobreposições haja mais justeza de enquadramento, há ainda a perícia e a técnica referente ao processo da impressão em si, que pode se dar através de uma prensa ou ser realizada de forma manual.
Finalmente, a numeração das cópias, além de determinar a quantidade de uma determinada tiragem, busca também organizá-la em ordem de qualidade, deixando de lado as peças com problemas.
A xilogravura que apresento aqui (em várias cores/impressões) foi criada por mim para o cartaz do show “Coração Sol”, com canções de Caetano Veloso, que realizei com Vagner Cunha (violino) e Luiz Mauro Filho (piano). A versão em vermelho, que foi a que escolhi, estampa também a capa do CD de mesmo nome.
Para ouvir esse álbum, é só acessar o Youtube/Dudu Sperb ou Spotify e demais plataformas.